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Olá amiguinhos!
Primeiramente, gostaria de desejar: um feliz dia dos namorados para os casais, um dia incrível para os solteiros e um dia cheio de determinação para os que estão remendando um coração partido!
Mas o post de hoje não tem nada a ver com isso… Na semana passada, eu recebi algumas perguntas sobre como é o mercado de trabalho aqui na Alemanha e como foi que nós encontramos emprego aqui. Como o assunto pode interessar vários de vocês, resolvi fazer um post sobre isso!
Separei as dúvidas mais frequentes em tópicos porque achei que ficaria mais fácil de explicar. #VamosLá
1) Validação de diploma e reconhecimento de profissão

Todas as informações que eu estou compartilhando são experiências próprias e por conta disso, não se aplicam para todo mundo. Como eu já falei nesse post aqui, a forma como você vai se inserir no mercado de trabalho é uma coisa que precisa ser bem pensada já que alguns diplomas são mais fáceis de validar e outros mais difíceis.
Na minha percepção: diplomas de áreas exatas, como Engenharia e Ciências da Computação nem sempre precisam ser validados e quando precisam, o processo é simples. Isso acontece porque a Alemanha está com um déficit desses profissionais.
Eu acho importante explicar isso, porque tanto eu quanto meu marido somos engenheiros eletricistas, formados no Brasil: ele se formou em uma universidade pública e eu em uma particular. Sendo bem sincera, a menos que você tenha se formado na USP ou no ITA, o lugar onde você se formou não interessa pelo simples fato de que aqui, ninguém conhece a maioria das universidades brasileiras. Então as suas experiências de trabalho vão falar muito mais sobre você do que o seu diploma.
Quando nós decidimos mudar pra cá, a ideia seria trabalhar em empresas e não como autônomos. Nesse caso, a validação do diploma não é obrigatória, porque a empresa está se responsabilizando pelo seu trabalho.
Várias pessoas me perguntaram se nós validamos o diploma antes de vir pra cá e a resposta é não. O processo é um pouco caro e no nosso caso, ainda é multiplicado por dois. Para procurar emprego na Alemanha, nós usamos cópias digitais do diploma emitido no Brasil, que estava em português.
Apesar disso, eu posso explicar como é o processo e dar algumas sugestões pra quem tiver interesse. Se não é o seu caso, pode ignorar os próximos parágrafos e pular direto pro item 2.
Se você tem interesse, saiba que o processo de validação de diploma consiste em: traduzir, apostilar, apresentar e pagar.
O que traduzir para o alemão?
O diploma emitido pela universidade onde você se formou, o histórico escolar e seu currículo em formato tabular. É necessário apresentar também uma cópia da sua permissão de residência, ou seja, cópia de passaporte para cidadãos europeus ou visto para os demais. Importante: a tradução precisa ser feita por um tradutor juramentado.
O que apostilar ?
O apostilamento é um processo de reconhecimento de documentos de um país para o outro. Se os seus documentos forem traduzidos por um tradutor juramentado do Brasil, precisam ser apostilados. Se essa tradução for feita por um tradutor juramentado da Alemanha, não há necessidade do apostilamento. Eu, particularmente, recomendo que a tradução seja feita por um tradutor aqui da Alemanha, por motivos que eu expliquei no item 3 deste outro post. Quem fez as traduções pra gente foi o Fabio Said que eu super recomendo.
Onde apresentar ?
O órgão responsável pelo processo se chama “Dezernat für gewerbliche Wirtschaft und Förderung, arbeitsmarktpolitische Förderprogramme” que significa mais ou menos “Departamento de Negócios e Programas de Apoio a Políticas de Mercado de Trabalho”. É como se fosse uma secretaria estadual que regulamenta o mercado de trabalho aqui. Como a Alemanha é composta por vários estados federais, ou seja cada estado é autônomo e tem governo próprio, cada estado tem o seu Dezernat. Nós moramos no estado North Rhine–Westphalia e aqui, o processo é feito no Dezernat 34. Se você está procurando emprego em outros estados e não sabe se o processo é o mesmo ou onde fica esse órgão pesquise no Google por “Genehmigung zur Führung der Berufsbezeichnung „Ingenieur / Ingenieurin + nome do estado onde vai morar”.
Quanto custa ?
Aqui em Colônia, a autorização para utilizar o título de engenheiro custa €200 e é paga no momento da entrega dos documentos.
Outra informação muito importante: esse processo se aplica para engenheiros que estão vindo trabalhar na Alemanha. Se você está vindo estudar, ou seja, fazer mestrado, doutorado ou especialização, também precisa reconhecer o seu diploma de bacharelado mas o processo é diferente. Para este caso, você pode se informar aqui.
2) Idioma

Outra pergunta bem comum que me fazem é se nós dois falamos alemão e a resposta também é não. Eu falo português e inglês, o marido fala português, inglês e alemão. Quando eu digo “falo” quero dizer “temos fluência”, “conseguimos escrever” e “nos comunicamos perfeitamente neste idioma”.
Um dos motivos que nos levou a procurar emprego na região de Colônia, Aachen, Dusseldorf e afins, é que a maioria das empresas internacionais e de tecnologia estão por aqui. Isso significa que, não só os empregos na área de engenharia estão por aqui, mas as empresas que não exigem conhecimento em alemão também.
Isso era importante principalmente pra mim, que não tenho domínio da língua local. Ser fluente no idioma do lugar onde você vai morar sempre é melhor, mas para a Alemanha eu digo que não é obrigatório. O que é obrigatório é ser fluente em pelo menos um dos dois: alemão ou inglês.
Apesar disso, acho importante chamar atenção para duas coisas. Primeiro: você precisa refletir sobre as atividades da sua profissão, pois caso seja necessário lidar com clientes ou fornecedores e eles forem alemães, esse idioma vai ser fundamental. Se a sua função envolver somente procedimentos internos é possível trabalhar em inglês.
Segundo: a Alemanha recebe imigrantes de vários cantos do mundo e algumas dessas pessoas serão suas concorrentes na busca por emprego. Dependendo da origem desses profissionais, é provável que eles tenham estudado inglês desde cedo ou que tenham o inglês como língua materna. Portanto, é essencial que o seu currículo ou a sua carta de apresentação já vou falar sobre isso deixe claro quais são seus outros diferenciais.
3) Ferramentas para procurar emprego

O Linkedin é seu principal aliado. Se você não tem um perfil ainda, FAÇA. Se já tem, certifique-se de que ele está atualizado, com foto adequada, qualificações e certificados que você possua. Outro serviço que é muito usado na Alemanha é o Xing. A proposta dele é a mesma do Linkedin: disponibilizar o seu currículo online. Sempre que você se candidatar para uma vaga, tenha certeza de incluir o link do seu perfil nessas duas redes porque a galera do RH vai procurar.
Algumas empresas divulgam as suas vagas pelo Linkedin e Xing, mas existem outros três portais para procura de emprego que eu recomendo: Monster, Stepstone e Indeed. Os três permitem que você crie um currículo virtual ou faça upload do seu currículo.
Na minha experiência, não tem um site ou outro que seja melhor. A questão é qual delas vai funcionar melhor para o seu tipo de busca.
Os três sites permitem que você pesquise por título da vaga, área de atuação, cidade, as três informações juntas ou uma combinação delas. A medida que você for usando, os sites também vão rastrear o seu padrão de busca e sugerir vagas com base nisso.
A minha ordem de preferência é: Indeed, Stepstone e Monster. Apesar do Monster ter vários artigos legais sobre como montar um currículo e o que colocar numa carta de apresentação, a maioria das vagas lá são para pessoas fluentes em alemão, o que não é meu caso. Entre as outras duas, eu prefiro o Indeed pelo simples fato de que eu procuro as vagas pelo celular e acho o aplicativo deles melhor do que o do Stepstone. Mas pode ser que você tenha uma experiência diferente.
Quando achar uma vaga que interessante, é possível que o portal faça o direcionamento para o site da empresa e você tenha que preencher um cadastro lá. Também pode ser que exista a opção de se candidatar pelo próprio portal ou através do Linkedin, ou Xing ou por email. Não existe uma regra. Por isso, a minha sugestão é ter todas essas ferramentas à mão.
4) Currículo e carta de apresentação

Uma vez que tenha encontrado uma vaga na sua área, você vai precisar se candidatar e para isso, será necessário apresentar seu currículo e uma carta de apresentação além do diploma.
O padrão de currículo usado na Alemanha é chamado de tabular, ou seja, com todas as informações dispostas em forma de tabela, como este modelo aqui.
Duas informações que eu recomendo inserir no currículo são: permissão de trabalho e hobbies. Se você tiver um passaporte europeu, deve escrever no currículo “dupla cidadania: brasileira e (insira aqui a sua outra cidadania)“.
Inserir hobbies é uma recomendação pessoal. Na minha opinião, isso ajuda a estabelecer um pouco da sua personalidade e pode ajudar o contratante a decidir se você se enquadra no perfil que a empresa procura, mas não é obrigatório.
Uma coisa que é obrigatória é assinar o currículo. Então assine um papel, bata uma foto com o seu celular e cole essa foto no rodapé do seu currículo. Ah, foto também é essencial!
Outra coisa que você precisa para se candidatar a uma vaga é uma carta de apresentação – veja um modelo aqui! Através desse documento você vai falar quem é, porque merece a vaga e discorrer um pouco sobre suas experiências profissionais e pessoais. Caso não tenha certeza de como fazer uma carta de apresentação ou do que escrever, tem outro post aqui no blog com várias dicas sobre isso!
Mas não escreva o rascunho da bíblia! Tanto o currículo, quanto a carta de apresentação devem ter no máximo uma folha cada um, ok?
5) Etapas do processo seletivo

Por último, eu gostaria de descrever o processo seletivo aqui na Alemanha. Existem quatro principais etapas pelas quais você vai passar: uma prova, uma entrevista com o pessoal de Recursos Humanos, uma entrevista com o gestor do departamento onde é a vaga e uma entrevista para discussão do contrato de trabalho. Algumas empresas terão as quatro etapas, outras menos e outras mais. O tempo de espera entre uma etapa e outra é entre 2 e 3 semanas, o que significa que cada processo seletivo pode levar até 3 meses. Considere isso no seu planejamento!
A prova é comum em empresas grandes e multinacionais. O objetivo dessa etapa é verificar se você preenche os requisitos mínimos da vaga e o quão alinhado você está com os valores da empresa. A prova pode conter questões de lógica, perguntas técnicas da sua área, um apanhado de perguntas sobre suas preferências ou tudo isso misturado.
Dependendo do resultado dessa etapa, alguém do RH vai mandar um email, marcando um horário para a próxima etapa, no caso, a entrevista. Esse email vai explicar se a entrevista será pessoalmente, via Skype ou por Telefone. Nessa entrevista, você vai falar sobre o seu currículo, explicar suas aptidões e detalhar atividades dos seus empregos passados. Algumas perguntas comuns dessa etapa incluem: “como você lida com críticas”, “você prefere trabalhar sozinho ou em equipe”, “diga uma qualidade e um defeito seu” e “como seus amigos te descreveriam”.
Existem várias artigos no Monster sobre essas perguntas e o que cada resposta diz sobre você. Eu sugiro que você pratique essas respostas, já que a entrevista não vai ser na sua língua materna. Se o anúncio da vaga não detalhar nenhuma informação sobre o salário, é possível que o entrevistador pergunte qual é a sua meta salarial. Você pode responder que prefere receber uma proposta, mas sempre é melhor se o número partir de você.
Ainda sobre salário é importante saber que, na Alemanha, se fala de salário anual ao invés de mensal e que esse valor é antes da dedução dos impostos. Então, se o salário for de €42.000,00, significa que você vai receber €3.500,00 por mês e que desse valor ainda serão deduzidos os impostos.
A próxima etapa é a entrevista com o gestor da área, que pode ser o coordenador direto da equipe onde você vai atuar, um diretor do departamento ou até o presidente da empresa, dependendo do porte da companhia. O marido trabalha em uma empresa pequena e a entrevista dele foi com o dono mesmo. Assim cono na fase anterior, essa entrevista pode ser pessoalmente, por telefone ou Skype e você também receberá um email com as orientações.
Nessa etapa, o entrevistador terá algumas informações a seu respeito, porque a pessoa do RH vai passar seus dados para o gestor e eles já terão conversado sobre o seu perfil, por isso as perguntas serão focadas nas atividades do cargo em si. Essas questões podem envolver o quanto você conhece de regulamentações específicas do ramo, se já trabalhou com determinadas ferramentas e seus empregos passados.
Você pode se informar com o sábio Google sobre as perguntas mais comuns para o seu cargo. Mas de novo, é fundamental que você pratique como responder essas questões já que o vocabulário é bastante específico. Se você se enrolar muito para dar uma resposta ou o entrevistador não conseguir entender o seu argumento, isso pode te desqualificar do processo. Considerando ainda o fator nervosismo, a prática vai ajudar muito.
Se até aqui nenhuma das entrevistas foi pessoalmente, a última etapa vai ser: apresentação e discussão do contrato de trabalho. Aqui na Alemanha não existe “carteira assinada”, você recebe um contrato que pode ser por tempo indeterminado ou ter um prazo de validade de um ou dois anos. Nessa fase, os contratantes vão apresentar as condições da vaga, ou seja: data de início, salário, horário de trabalho, quantos dias de férias você vai ter por ano e assim por diante.
Por hoje é isso! Eu tentei resumir, mas mesmo assim o post ficou enorme porque é muita informação. Se por acaso alguma coisa não ficou muito clara, deixe a sua dúvida aqui nos comentários que eu respondo!
Um beijo e até o próximo post!
♦ A imagem utilizada como cover nesse post foi obtida através do portal Shutterstock
2 comentários
Muito obrigada por compartilhar seu conhecimento experiência!!!
Oi Joice! De nada, espero que tenha ajudado!??